terça-feira, 15 de setembro de 2009

O CHEFE

De uma vez por todas, disse em tom alto, de uma vez por todas hoje eu digo o que tenho que dizer, e bati com força na porta fechada.
Ninguém atendeu mas continuei parado em frente à porta do Diretor esperando empertigado que alguma pessoa me visse ali e para tanto olhava para um lado e para outro, e impaciente trocava os papéis reveladores da mão direita para a esquerda e vice-versa.
Bati novamente com mais força porém já não mais me sentia natural dando aqueles socos na madeira envernizada. Lá de dentro da sala vinha o som estridente da campainha do telefone desesperadamente tentando ser aquietado, mas como poderia acalmá-lo se a porta estava fechada? Olhei insistentemente para trás na esperança de que a visão de alguém me aumentasse a vontade definhada de contar ao Chefe toda a verdade. Este pensamento me aprumou. Arrumei a gola da camisa, passei a mão nas mangas do paletó para retirar algum pó inexistente e arrumei os óculos. Bati na porta logo em seguida e desta vez cheguei a dizer bem alto o nome do Diretor para em seguida ficar todo ruborizado pelo tom da voz que soou em falsete. Perscrutei, nestas cincunstância, com os cantos dos olhos todo o ambiente ao meu redor a fim de certificar-me se alguma viva alma naquele momento estava me observando.
Esperei um pouco até me restabelecer do nervosismo e dei novamente dois socos de leve na porta torcendo para que ninguém tivesse escutado as batidas mas mesmo assim mexi na maçaneta e gritei em vom firme: Senhor Diretor, quero lhe contar uma novidades.
Transferi então os papés outra vez para a mão direita e saí em passos rápidos e mudos sempre procurando espreitar se Pedro, José ou Maria ou quem quer que fosse, de repente surgiria no fundo do corredor.

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