A HISTÓRIA DO LIVRO QUE NÃO COMPREI
Hoje eu contei pela terceira vez, às mesmas pessoas, a história do livro que não comprei enquanto tentávamos entender o significado de algo que agora não mais importa saber. Sempre a mesma coisa, disse baixinho para mim mesmo. Se não sabes fica calado. Por teres lido uma ou duas frases de tal livro ficas acreditando que lá está a explicação daquilo que compulsivamente queres entender, e quando não convences as pessoas com tuas teses inventas outras coisas pra dizer.
Se bem que desta vez o último relato da história se resumiu a uma pequena frase; segundo, me pareceu que tivesse falado tão baixo que nada escutaram. Há ainda a suspeita que não posso negar, que talvez só tenha mexido os lábios enquanto pensava na tal cena da livraria.
Houve sim uma dissonância e um breve momento de constrangimento no ar por esta possível colocação sem pé nem cabeça. Um breve momento sim, diriam, mas o suficiente para nem sei bem o quê, porém o bastante para ter o efeito que teve.
E se na próxima reunião eu me esquecer por um instante de tudo isto e repetir a história do livro que não comprei?
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